Carta pra Joaquim,

Hamburg Song – Keane ♥

Oi Quindim!

(inventei esse apelido pra você)

Pensei em te escrever uma carta antes de você nascer, pra um dia você ler e ver o quanto a sua irmã é boba.

Quando a mãe disse que estava grávida, a minha primeira reação não foi muito positiva, na verdade eu soltei um sonoro: TÁ BRINCANDO, NÉ?

Demorei muito e ainda tento me acostumar com a ideia de mais uma pessoa na família. Nada pessoal, apenas não achei que você ou qualquer outra “coisa” cabia  no nosso meio. A surpresa é que você cabe, e cabe muito bem. Outro dia, uma senhora me colocou (ou quase me obrigou) no colo o gurizinho, ele chorou uns 3 segundo e depois se acalmou, uma simpatia, uma fofura só! Pensei: é pode ser, isso vai mudar a minha vida de qualquer jeito, que eu pare de besteira e entenda que pode ser maravilhoso.

Sou uma pessoa complicada, sei disso. E quando não gosto de algo, prefiro não me pronunciar sem ser chamada, pois não sei disfarçar direito essas coisas, quero dizer que durante um tempo me manti afastada de você, e da barriga da mamma.

Mas um dia eu cansei, e toquei, de primeira não houve reação, fiquei com inveja da Júlia, pois você sempre era peralta com ela. Tentei outro dia, perguntei se você estava dormindo, e você estava. Eu te chacoalhei (risos) pra te acordar, e assim, incrivelmente você mexeu, foi a primeira vez, me senti digna de ter sua atenção, mesmo tendo no começo desdenhado da ideia de um irmão.

Agora eu espero que quando você chegar, traga vida à nossa casa, porque felicidade você trouxe, ainda com a trabalheira que dá pra mamma, mas… o povo todo tá doido pra te ver. Não sei cuidar de meninos, não sei como reagir se você fizer essas coisas de menino, mas estamos aqui pra aprender.

Vai ser muito bom ter mais um homem bom nesse planeta, sabe? estamos precisando. Melhor ainda é ajudar a criar um bom homem, que no futuro vai também cuidar de mim (assim espero rapaz!). Na certa você não sabe o que “eu te amo” significa, e nem eu que sou mais entendida sei direito, mas espero que assim que você nascer, traga pra mim um sentido em algumas coisas, parece loucura, já que você não é meu filho, mas a Júlia durante muito tempo foi a única coisa que me segurou e me manteve firme, viva. Agora tenho â ela, e outras coisas, meus objetivos.

Quindim, quando você chegar, o mundo estará num caos danado, mas não se preocupe, é sempre assim, te segurarei no colo enquanto você não compreende as coisas, e depois que você tiver andando, te mostro o caminho da estante pra você pegar aquele livro de histórias de ouro. As músicas não são as melhores, os desenhos não tem mais aquela malícia, e as pessoas… bem as pessoas matam por uma ficha de sinuca, mas no geral, como diria Coldplay (que você vai ouvir muito através de mim) “nós vivemos num mundo bonito, sim nós vivemos”, eu tento acreditar nisso todo dia, e farei você ver essa beleza também.

De todo modo, venha, que eu me adapto aos choros e cólicas, às fraldas e ao carrinho chato que sempre empena a roda (risos).

Só não demore muito, porque barriga da mamma tá grande por demais :)

 

                                                                                             Amanda Borges