Que zica!

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Esses dias, conversando com uns amigos, falávamos sobre a zica. Sabe a zica? aquela coisa que gruda em você feito nhaca de ônibus lotado e te faz acreditar que você é a pessoa mais azarada do planeta, pois é, quando a zica pega é batata você simplesmente não saber o que fazer mais pra isso parar.

O pior é que a gente acredita nela. E de repente você cai na armadilha de… “Oh, céus! Oh, vida! Porque eu, como pode?” e vem a bad trip, que nunca passa. Eu já estive nessa e é só olhar esse arquivo aqui do blog pra lembrar que nem sempre o positivismo impera e seguindo o exemplo do anjo mais famoso da história, caímos do céu ao inferno.

Queda livre, rumo ao nada. Porque nada é o que fazemos quando estamos na pior, porque quando a zica vem, nós começamos a colocar fé nas coisas negativas que botaram fé que aconteceriam com a gente. E essas coisas acontecem mesmo.

Você leva uma bronca do nada, seu telefone é cortado sem razão aparente, seus “amigos” começam a espalhar coisas maldosas, seu carro pifa, sai de casa com a roupa do avesso,  fica com câimbra em algum momento importante, queima o arroz, deixa o cachorro fugir, trinca o celular, perde R$20, arranha o cartão, perde a viagem, esquece a senha, quebra a chave, tem pesadelos com aranhas gigantes, leva choque na geladeira, uma barata voadora te ataca, pisa no cocô, atola no ramal, enfim, já entendeu, né?

Um dos trunfos da zica é que além dela ser invisível, ela força a barra até o mais descrente começar a se dobrar diante dos acontecimentos. O sujeito se pega pensando “mas será?”, e aí liga lé com cré ele concretiza a parada. Ah, que zica!

Lá na minha antiga casa, minha vó, que é supersticiosa até o talo, quase que blindava a gente contra o mau-olhado, o olho gordo. Acho que um dia contei e a casa tinha quase 10 espelhos, para rebater qualquer coisa ruim que desejassem a nós. Agora imagina, se ainda assim a gente às vezes sentia a urucubaca encostando, dirá quem não anda com seu patuá!

Como vítima, pense positivo e se mova, faça algo pra sair da zica, principalmente tentar não acreditar que ela já se instalou, ou também tente ignorar esse azar temporário. Como pessoa normal, tente não mandar energias negativas pras pessoas – sim, eu sei que tem gente que quase pede pra ser amaldiçoado, mas calma – porque se a gente pensar que a vida é um boomerang, as coisas ficam mais complicadas, certo? No mais, tentar praticar o deboísmo, que é algo a se pensar muito nessa vida. Fazer o bem ou simplesmente deixar os outros seguirem a vida em paz  ( :

As bandas que nunca nos conhecerão.

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Esses dias vi a notícia que o vocalista do Creed – quem não sabe, favor sair deste blog, pois você é novo demais pra isso – estaria com transtorno bipolar, fiquei bem comovida com a notícia. Daí você me pergunta: “mas Nana, tu ouve Creed ainda?” não queridos, não é algo muito comum pra mim hoje, mas cá com meus botões, fiquei pensando em quão lamentável era essa história de alguém que participou de um momento da sua vida (embora ela nem saiba) ter um rumo como esse.

Concluí então que:

Tem algo único nas canções que ouvimos quando adolescentes.

Elas são quase como sonhos sonoros depois que crescemos. Ao ouvir uma canção dessa época, você rapidamente se encontra e diz um OI de 3 minutos e meio à sua personalidade de anos atrás. É lisérgico.

São músicas em geral, ruins, com lembranças às vezes muuuito boas, ou bem húmidas de lágrimas dramáticas, mas nunca são sensações vazias. Não existe uma forma de se desvincular das músicas da adolescência. Volta e meia eu me pego ouvindo o primeiro cd de uma banda favorita daquele tempo, com isso parece que me sinto confortável, pois sei exatamente o que essa música pode me causar, e geral alguma reflexão.

São bandas e cantores que nunca abandonaremos, que sempre que ouvirmos, vamos cantar juntos, interna ou publicamente. Talvez ainda tenhamos cd’s, mídias digitais, diários com frases ou até tatuagens com dizeres. Podemos ter vergonha, orgulho, sonho de assistir um show, quem sabe um ingresso de lembrança, e talvez uma foto no camarim (caso tenha sido muito sortudo). No final temos amor em todas as formas, inesquecivelmente fãs eternos de bandas que talvez nunca nos conhecerão.

Tempo estranho de distância mínima

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Paro e penso que exagero, verbero.

Te provoco ainda mais na esperança de dizer o que é necessário pro meu mundo se acabar.

Mas ele não acaba, continuamos aqui e ali. Separados por um tempo estranho, numa distância mínima. De mim posso dizer que esqueci as medidas, odeio da forma que amo, tenho raiva e tenho amor no mesmo pote.

Se de todas as coisas que a gente aprende vem de grandes ou pequenas decepções, vejo que no meio de um nós, o eu ficou encalhado.

Talvez esquecido no meio de tantos afagos, de poucos lençóis e tantos, e tantas. Mas se algo de bom no meio desse tempo estranho aconteceu, foi talvez de ter encontrado escondida no canto esquerdo do seu quarto, a minha pessoa. Um pouco antes ou depois de eu ter fechado a porta.

Aliás de portas estou entendendo um pouco ultimamente, olhando pra minha… aqui de casa, eu gostaria que ela fosse branca. Pensando na sua, acho que ela vai olhar bem mais pras minhas costas, já que seu canto é seu. Assim como suas coisas e não sinto que caibo em meio à uma nova e possível privacidade, que em minha opinião… não cabe aonde eu planejei coisas pra nós.

No lugar dessas coisas, me encontro mais sozinha. Nesse ponto talvez fosse necessário agradecer, e obrigada.

That now I feel like I don't know you.

Ilustração: Louise Z. Pomeroy (England)

os meus, os seus, os nossos

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quando eu pensei que era só minha, te encontrei mais além e fui dividida.

quando eu achei que me bastava, encontrei um tanto a mais que cabia aqui e deixei ficar.

agora não sei se sei dos limites.

do que é seu, do que foi meu, do que será nosso; as chaves são minhas? são suas? são nossas?

as impressões são minhas, suas ou de ninguém; o amor é meu?

sempre pensei que não existia àquela fórmula de 2 em 1 nos sentimentos, pra mim isso era fadado a no final terminar em – 2.

agora não sei se 1 em 2 satisfaz, e quero 1.

a vida é minha, a casa é sua, os sonhos são de quem?

somos de quem? quem somos ?

suas coisa, são suas. take that key

e assim vou indo embora.

Ilustração: Cristián Velasco  (b. 1971) - Untitled, 2013

janelas miúdas

eu nunca tinha reconhecido a beleza dos olhinhos miúdos.
sempre fui apaixonada por grandezas que se mostram intensamente.
agora me vejo aqui, perdidamente zonza em meus pensamentos que veem àqueles olhos estreitos.
esses olhos pobres de cílios, ricos de mistério.
não são olhos de ressaca, mas mostram aquela preguiça permanente, como se sempre fosse manhã.
aquela timidez forçada quando sorri.
existem esses olhos pequenos.

Foto Neil Krug via IdeaFixa