Vim perdida, sonhando distante. Deu uma tristeza, se estivesse sentada ao meu lado diria que a moça da direita estava olhando para o vácuo.
Pensei em tanta coisa, esbarrei nos velhos sentimentos, nas antigas raivas e nessa mania de fraqueza diante das não-resoluções diárias que a gente, enfim, empurra com o buxo como quem diz “deixa estar, mais pra frente te resolvo, problema”.
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Dessa cidade, o lugar mais curioso e paralelamente o lugar que mais odeio é o terminal urbano. Peguei o último ônibus (só quem faz sabe o tamanho desta aventura) e vi ali essas metáforas do tempo que os filósofos tanto falam, dessas que a gente entende depois de algumas dores, de alguns amores.
Vi uma moça na grade, toda bonita. Salto alto, saia bandagem, top colorido, e o namorado do lado. Ela estava visivelmente com frio e ele tirou a sua camisa xadrez e deu pra moça se cobrir. Achei tão lindo. Uma dessas cenas que só veria ali, e só essa hora (escrevo às 00:06), quando o terminal é terra sem lei e se pode fumar e andar sem camisa, como o nobre rapaz.
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Tudo isso porque encostei a cabeça na janela enquanto escutava Cold Condition, do Edison Glass e pensei que louco seria se eu, que nem sei inglês, fosse chamada pro palco pra cantar com eles. Só que a realidade dos pingos de chuva na minha testa me acordaram e percebi o quão impossível seria e bem, isso me partiu o coração.
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2 comentários:
Ai, quanta acreanidade neste texto. E quanta saudade invade meu coração. E que orgulho poder dizer, Sim, eu sei como é essa aventura!
Tiago meu lindo, te contar. Eu morro de medo dessa aventura, acho o terminal essa hora uma festa estranha com gente esquisita, mas ao mesmo tempo, eu gosto do balé que os ônibus fazem pra sair dali. Achei engraçado o lance da acrianidade hahaha, nunca tinha recebido esse elogio. Bjs :D
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