Os meninos da rua Araçá

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A rua Araçá tem quatro meninos que estudam de manhã e correm à tarde.

Não é por esporte, não fogem da polícia, não vão por pressa. Eles correm porque é o que fazem.

Os meninos tem os pés da cor de laranja. Laranja é a cor do barro que eles correm em cima.

A corrida dos meninos é diferente da de Laura, que corre todo dia às 7h55, quando está quase perdendo o ônibus. Não, os meninos não correm pra trabalhar oito horas por dia. Eles não perdem o tempo assim.

Os meninos correm porque não sabem voar. Voar aliás é o que eles sempre quiseram, mas invés de correr e tentar voar, correm e tentam subir seus papagaios nos montes de terra do parque.

O parque é o lugar deles. Não tem poste, não tem fiação, nem árvore por enquanto, não tem ônibus pra lá e pra cá. Só tem os montes de barro, os homem, só tem brita, cimento, tijolo e céu.

A liberdade de empinar um papagaio é como os montes de terra do parque. Diminui a cada dia. E mesmo assim, os meninos se olham e pensam: eles não sabem o que estão perdendo.

E estão mesmo.

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