Seu Edmilson

Quando sentei na garupa de Seu Edmilson, nem imaginei quantas gargalhadas eu daria esta noite.

Começou quando enquanto estávamos em 1/3 do caminho e a uma voz feminina desandou a falar no rádio. Seu Edimilson contou muito seriamente os problemas que teve com a tal mulher da central. Falou que por vezes, a moça não passava os endereços corretamente e que ele não deixava barato.

- Eu ficava enchendo ela, pedia pra ela passar a pessoa pro meu celular. Mulher quando não quer passar o endereço certo é terrível.

Tudo muito seriamente, enquanto desviava como um gato dos buracos da cidade.

- Rapaz, eu queria muito conhecer essa mulher sabe? – eu dizia ao pessoal lá da caixa d’água.

E contou que certa vez foi até a central, e dona da voz, que passou por ele sem dar a mínima no corredor. Ele disse que ficou olhando bem muito pra ela, e ela não soube mesmo que ele era o cara que diferente dos outros moto-taxistas não ficava calado quando recebia um chamado de novo cliente.

Seu Edimilson entrou sala e teve que ajudar, enquanto a mulher da central não voltava. Se deparou com vários celulares tocando ao mesmo tempo, fez confusão, não lidou com a pressão de aguentar vários clientes, assim que pôde saiu da sala. No corredor a encontrou novamente e dessa vez o olhar foi diferente.

- Tu acredita que eu senti um arrependimento doido? A mulher aguenta um monte de coisa e ainda tem eu…?!

Ele disse que antes era o herói dos companheiros por peitar a mulher e cobrar informações mais claras ou até mesmo calma durante os chamados… mas agora ele passou baixo e compreendeu a secura da moça.

Mas de compreender as leides Seu Edmilson não quer saber muito. Desistiu. Contou que geralmente pega as passageiras bêbadas, ou altas… mas vê logo a situação: dramas pra serem esquecidos no fundo do copo.

- Geralmente as mulheres nem gostam da bebida, sabe?

E a viagem das moças é certeira, vão e voltam. Voltam pra procurar os cabras…

- Eu pergunto: “mas você quer mesmo voltar? É tão longe… ele vai tá lá?”.

E quando eles estão, é aquela coisa. O motora conta que não entende, elas choram, lamentam e abrem o coração pr'aquele psicólogo de aluguel durante a viagem e quando veem os caras, descem… e não querem nem saber. Passou.

Seu Edmilson me rendeu muitas risadas, e só confirmou a complexidade das mulheres, do outro lado prova algo do tipo “vai lá tentar fazer o trabalho delas pra tu ver?”, se tu conseguir.

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