abraços-casas

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Choveu a tarde toda e agora o céu parecia apenas um quadro negro, limpo manualmente, deixando a lua fazer o espetáculo que pelas nuvem fora encoberto durante o resto da noite. Mesmo assim pensava em outra beleza espetacular.

Os olhos, aqueles pequenos olhos castanhos que por minutos, durante dias, hipnotizavam com seus cílios quase que milimetricamente curvados. Repara bem o tempo em silêncio, olha para aquele rosto redondo e vermelho era na verdade um infinito de seus pensamentos vazios. Consegue olhar e não pensar em nada, estava só ali, naquele cubículo, entre o ‘lá fora’ e o rosto a frente.

Existem coisas que sempre foram relacionadas. Não necessariamente devem fazer sentido, ou lógica, obviamente as sensações não pedem autorização para existir.

- É assim com os abraços e as casas, pensou. Você pode juntar dois braços e um corpo e sentir que ali é o seu lar, a pessoa é o seu ponto. Você vai e pode voltar ali, para aqueles braços confortáveis.

Como casas, às vezes é preciso mais espaço, mais aconchego, e começa a busca por outros lares.

A ida do sentimento de um abraço para outro é mirabolante, e dança no ar como uma borboleta teimosa. Só pousa quando lhe dá vontade. As pessoas mais pacientes chamam isso de “momento certo”, mas na verdade é só o momento em que não há mais espaço para ir embora.

Ilustração: Rustam QBic, via Idea Fixa.

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