Vislumbrava o teto como se nunca o tivera notado. E não o tinha, o fazia para limitar seus pensamentos ao forro. (great escape)
- Sempre foi branco assim? é gesso?
Se perguntou enquanto a primeira voz na sua mente tentava formular um pensamento mais sólido e que sentimentalmente fizesse sentido. E as lágrimas saiam uma a uma, sem que ela quisesse ou piscasse.
Ela nunca construía envolta de si o muro da saudade, aliás, saudade só existia quando ela sentia a presença. Sentir a ausência na presença, sabe?
Ele ao lado, fazendo as perguntas que ela faria no lugar dele, só que as respostas eram tão vazias…
- Eu não sei!
Não sabia. Tudo era bem confuso, sentia falta? não sentia? era importante? não, NÃO ERA. Então porque lágrimas?
O teto era branco. Isso agora era certeza. E essas luzes? nossa, são tão melhores que de casa, não doem nos olhos.
- Porque toda vez é isso? essa cidade, esse ar.
Acaba na velha conclusão, aquela cidade trazia uma sensação de perda. Da ausência que se fazia presente no momento e de que tudo em breve – e mais uma vez – não passava de um sonho.
Mas cada mínimo tempo que foi perdido, ou para os otimistas, vivido foi real e a experiência estava aí, pra provar que enquanto não superado for, a ferida vai abrir e sangrar.
Ela prefere acreditar que é o ar daquela cidade…
De qualquer forma estava de passagem, encerrando a conta do hotel. E ficaria tudo nas lembranças, no arquivo que não mexe.
Até voltar, outra hora.
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