Sentimentos da manhã



De soslaio olho a janela vestida de cortinas, ah.. já raiou.
Soslaio, gosto dessa palavra.
Gosto também de esfregar os pés, sentir o lençol, roçar a cama. É quase sensual.
Fico de lado olhando a parede como se existisse alguma obra de arte muito mais cara que a minha parede gelada. Olho o vazio precioso, aquela bobeira das primeiras horas acordada.
Esfrego os olhos pra dizer que já é tempo, mexo o cabelo, abro a boca. Desperta corpo, antes que a mente volte ao sono.
Sinto o frio e desejo, como todos os dias, que inventem o ventilador com modo sleep que desligue às seis. Penso que deveria tomar café mas ignoro, já são sete e meia. 
Assisto ao jornal, penso se devia ser eu naquele off ou se é justa aquela escolha.
Me visto e saio.
A Lucy foge de casa, eu lamento não ter tempo de colocá-la pra dentro. 
Me sinto esperta por pegar o ônibus na hora certa e escolho com cuidado a primeira música do dia.

São os sentimentos da manhã.

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