o descaminho

Te falam de objetivos. Dão 50 reais pra colocar no cartão de passe e te dizem o ônibus da ida e da volta.

Explicam a álgebra, a história e a física. A soma dos catetos é igual o quadrado da hipotenusa. Trocam a farda, cursinho, te põem apelido e te dizem para esperar três anos. Quando você chega aos 17, tem a virgindade, a camisinha e a popularidade. As brigas em casa, o amor e a impaciência.

No fim do ano tem o vestibular, agora o Enem. Com 17 você olha a lista de cursos: econômia, espanhol, engenharias, medicina, direito ou comunicação. Vê o futuro pautado na base salarial, na esperança de ser um servidor público acomodado na cadeira cinza de estofado com formato de alguém que já se aposentou. Pensa e escolhe por afinidade, pressão ou falta de opção.

Parte, chega na faculdade, a velha hora tão sonhada. Professores que mudam a tua vida, e outros que te apresentam o pior lado do ser humano, o que se sente superior por conta de algum tipo de conhecimento que talvez o teu avô no seringal não saiba, mas que talvez ele saiba algo que teu professor também nunca vai entender. Aquelas coisas.

Estágio, maconha, sarau, cigarros e doses cavalares de café. Artigos, papers, seminários, pibics, relatórios, apresentações, tccs e monografias, mais tarde você está pronto. É um profissional capacitado para o mercado de trabalho que te espera ansioso, para tudo que você não imagina.

Te falam de objetivos, te preparam como para uma maratona, onde no final, você cruza uma linha para chegar ao sucesso. Ninguém te conta dos que pegam atalhos, dos que nem chegam e dos que fogem da maratona e ainda assim alcançam o céu. Os objetivos que falam, são os mesmos de sempre, que você segue por não ter muitos, até descobrir que tudo que precisa é ser desviado de tantas trilhas já traçadas.

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