As bolhas, o amor e o amigo.

Love Hurts – Incubus ♪♫

Eu costumo dividir a minha vida de acordo com a vida escolar – deve ser porque fui muito feliz nessa época. Na terceira série, eu era uma garota magrela, serelepe e sorridente, sempre fui. Nessa série, se não me engano, mudei para um apartamento que ficava numa espécie de vilinha, todos enfileiradinhos e brancos. Gostava muito de lá. Como filha única, não tinha com quem brincar e acredite, com tanta alegria que tinha era um desperdício não dividir com ninguém.

Sempre fui meio fascinada por coisas bobas, como bolhas de sabão e eu adorava fazê-las na chuva, ou melhor, nas poças d’água que a chuva formava na frente do apartamento. Isso porque elas caem umas por cima as outras na água, formando o que eu chamava de casas espaciais – tanto pela arquitetura moderna que me remetia algo espacial, quanto pela minha imaginação fértil que imaginava elas lá em Marte. Pois bem, num desses dias de chuva, eu me sentei na área e à frente a chuva enchia as poças d’água, onde comecei o meu projeto arquitetônico das casas espaciais. Olhei para o lado, de onde conseguia ver um guri na área do primeiro apartamento, eu pensei ‘’ quero ser amiga dele! ‘’, ele era magrelo, moreno e sorridente e uns três anos mais velho, de alguma maneira eu consegui arrancar um oi e assim tudo começou.

Embora hoje eu não me lembre tanto do seu rosto, lembro de seu sorriso confortante, que me alegrou tantas tardes. Todo dia era uma coisa nova. Brincávamos de mago, eu gostava sempre de ser do mau e ele não se importava, brincávamos de Warcraft no meu computador, dentre outras coisas. Passava muito tempo comigo e eu com ele. Ele pendurado na minha janela falando do palhaço que aparecia no Xuxa Park quando eu não podia sair de casa e ficava debaixo da janela dele aprendendo a fazer o ‘Q’ com cruz embaixo que ele fazia.

E assim, da minha parte nasceu algo mais, um amor de criança, ou, como dizem primeiro amor. O que eu lembro é que, eu de várias formas contei e dei a entender que gostava dele, mas tínhamos sete e nove anos, obviamente os garotos não amadurecem para essas coisas nessa idade. Mesmo com isso, tudo seguia igual... Até que do mesmo jeito que veio, ele se foi.

Eu senti muito a sua falta por algum tempo, agora lembro que por diversas vezes sonhava (literalmente) com ele voltando e explicando porque tinha ido de repente. Acho que a falta que ele me fez nem foi tanto pelo amor que ele causou porque isso era pequeno – na minha mentalidade infantil – mas naquele tempo eu tive a sensação de algo arrancado, ou pior, que alguma coisa não queria que eu tivesse um amigão daquele. Com o tempo eu deixei de pensar que o encontraria nas ruas como acontece nessa cidade pequena, ou que um dia ele me explicaria tudo e principalmente parei de me perguntar ‘’ onde anda o Caio?’’ ou ‘’será que ele é o Caio?’’

O tempo passa, a gente cresce e esquece de coisas como essas, coisas da vida. Depois de tanto tempo é engraçado pensar que ainda podem lhe pregar peças. Onze anos depois, no primeiro dia de aula na Universidade, olho para todos e para tudo.

Bem ali vejo um guri moreno, com um cabelo Power e voz rouca e penso ‘’ quero ser amiga dele ! ‘’, parecia que já o conhecia, dejavú.

Ficamos amigos, como eu queria, e percebi que as vezes acerto nessas escolhas de cara. Mas nem o nome me dava pistas desse passado em comum. Implicamos várias vezes um com o outro, e é claro, isso evidenciava algumas coisas passadas.

Nada (até pouco tempo) tinha evidenciado a afinidade que temos. Foi pelo nome de minha mãe numa revista, a Perla, que ele começou a fazer uns rabiscos em seu caderno. E me perguntar umas coisas, ligando tudo ele viu, eu era a Amanda e eu concluí, tinha achado o meu vizinho Caio.

De repente todas essas memórias invadiram a minha mente em cinco minutos e vem até hoje em pequenos flashbacks. Toda aquela alegria, todos os desenhos da época, meu lego, minha bola de leite, meu cabelo de Paola Bratcho. Meu livro gigante de contos de fadas alternativos...

Pensando isso vejo como o destino é irônico, que tira, esconde e revela as pessoas como quer e como tais surpresas são gratificantes. Sinto que recuperei algo que andava perdido no meu arquivo de memória, ou melhor, no meu ser, as lembranças que trazem aquela inocência incrível. Mas principalmente, sinto que algo me trouxe de volta meu grande amigão sorridente, Caio.

                                                                                                                        nanapocket

3 comentários:

Nathacha disse...

Ain que lindo,amooooo tanto vcs
Bom saber que vc tbm já foi Paola Bracho,kkkkkkkk,linda :**

Nathacha disse...

Ah e essa foto é na minha casa,por isso o Caio tá tão feliz,kkkkk

Caio Nélio disse...

Me sinto extremamente honrado, rs, nunca ninguém escreveu uma crônica a meu respeito... Só ñ gostei muito da foto, ñ faz jus a minha beleza morena! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

Amigo de Infância, eu sou pra vc...

Bjo!