Alma impressa.

ellie goulding – under the sheets ♪♫

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O fotógrafo deu sua alma. Ele deu desde que teve sua primeira foto revelada, aos olhos do mundo e aos seus. Deu-se pela beleza, pela feiura, apelando para que enxergassem no seu retrato um pedaço que nem ele sabia que existia dentro de si.

Depois de se descobrir fotógrafo, artista, retrator; nunca mais conseguiu seguir sua rotina de pacato cidadão. Via em todos os lugares uma beleza, não uma convencional. Via ângulos, histórias, não necessariamente o belo e o conforto que a perfeição traz aos olhos, mas um lado mais interessante do cotidiano.

A alma dele nasceu impressa, com cores, sépia e preto e branco. Seu jogo é o das luzes. Oportunidade para ele é sorte, e ele sempre tenta fazer a oportunidade, com sorte consegue.

Cansou os olhos com a labuta de encontrar em imagens o que quer expressar, cansou o corpo com o trabalho de esticar-se num balé quase improvável em busca do melhor enquadramento. E por fim cansou-se com a frustração da mensagem não captada pelas lentes.

Cada passeio uma aventura, e um clique não representa uma finalização, representa um começo. A foto tirada vai atravessar olhares e despejar sentimentos que vão da felicidade e afeto a repúdio e indignação, e qualquer um deles é mais que válido, já que para o autor, o importante é sentir, qualquer coisa, mas sentir.

Sua imagem é uma fração, um pedaço de vida, um congelamento da realidade. E ela não se faz sozinha e nem adianta o melhor equipamento, a melhor luz e intensidade se você não tem o olhar, o carinho e o sentimento envolto em toda essa realidade de imagem.

Pra ele é especial demonstrar e fazer aflorarem sentimentos de maneira tão singular: sem gestos, sons, ou algo a tocar. É uma foto, um recorte da realidade, um grito silencioso que representa um pedaço de alma, de quem vê e de quem retrata. Uma ligação intima entre receptor e mensagem, e a mensagem é a alma do fotógrafo, é o que ele é.

Uma representação do representador, que mostra claramente que se fazendo algo e colocando uma parte sua, vai espalhar pelo mundo sua essência, e quem diria que se pode fazer isso apenas num clique.

 

                                                   Dedico aos companheiros de curso e à Eduardo, um bom fotógrafo.

                                                                                                                       nanapocket

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