A dádiva, as cores e Ela.

Are You Here – Corinne Bailey Rae

165286_4632496_b_largeEla tinha o dom de derreter as pessoas, não sabia se era uma dádiva, mas usava como lhe cabia. De vez em quando era uma armadilha, às vezes ela não queria um Amor, mas derretia alguém até deixá-lo nu, depois disso, ela não sabia como agir e fugia.

Conhecia pessoas dos mais diversos tipos de armadura: carrancudos, densos, amargurados e desiludidos. Tornava-os melhor com sua sinceridade, mostrava-lhes as cores do mundo empoeirado que eles guardavam na gaveta. Homens cor de cinza.

Mesmo assim, ela sorria, e pra eles, era o bastante, surgia cor. Para ela, era um sorriso, que a fazia se sentir bem, mas que não sabia e não entendia porque conseguia com esse simples gesto, atravessar tantas camadas.

Ficava feliz de saber que podia desmontar as pessoas, se prendia nesse argumento de ser um presente, para não pensar no resto, fingia que não sabia machucar as pessoas com sua doçura, mas sabia que podia e que muitas vezes devia. O que ela mais tinha raiva era que sabia derreter, adoçar, porém, muito do que causava, faltava por dentro. O que podia derreter-lhe, desmontar-lhe ? Já sabia de seus artifícios, quem poderia usá-los com ela?

E esse era o tipo de espera tortuosa que ela tinha, esperar por quem pudesse se entregar aos seus encantos, e que pudesse encantá-la também. Ela não era difícil de fazer-se apaixonar, o difícil era manter-lhe interessada, ou até mesmo, ter a paciência para que ela se permitisse desmontar, ela esperava por isso, ela adiava isso, ela era confusa.

Ela dizia que só se conhece uma pessoa suficiente quando se sabe as cores favoritas dela, sem perguntar. Ela dava significado para as coisas mais insignificantes e ainda é assim.

 

                                                                                                           Nana

3 comentários:

Lucas Araújo disse...

Comentário pela segunda vez, apoio, Blogger! u.u

"Quando que você vai fazer desenhos coloridos? Adoro cores!" Ou quase isso. huauhauha Vai saber!

Crescemos quando enxergamos nossos "poderes" e na medida disso aumentam as responsabilidades também... Afinal, os vilões estão aí, e vice-versa. :)

(Me senti o Sr. Parker dizendo isso pro Peter. hauhuahua)

Nanapocket disse...

adorei o teu cometário, difícil é ver a parte de ser uma dádiva, esse poder.. Ela tenta. As responsabilidades crescem realmente e enfim, não vou falar muito em nome dela :)

Valéria Santana disse...

Desconfiei que seria uma entidade falando sobre mim (risos). Muita sensibilidade sua descrever o abstrado da alma assim, com intensidade e doçura. Me vi, me senti, me encontrei nas suas palavras. LINDAS! Mas vai numa sessão de mesa branca que tu tem o dom, cara!