A cabeça pesa com o ajuste abrupto do corpo. Os pés quase que trincam ao tocar o chão fúnebre. No cenário todo ainda há as cortinas, que timidamente balançam com o vento na dança hipnotizante, capaz de manter qualquer um mais preso que nunca à cama numa segunda-feira.
Cada agulha que perfura a mão (ou o corpo) é na verdade uma gota d’água que sai com desejo da torneira, do chuveiro. Há um prazer nas gotas, elas gostam de ser geladas, é a vingança da tormenta de serem desfeitas no corpo de humanos sem habilidade nenhuma em aproveitar a temperatura.
O tremer de dentro pra fora, a incontrolável sensação térmica de vulnerabilidade. Os cachecóis, lenços, casacos, capas, moletons e meias tentam manter a vida no corpo, prender a alma que às vezes escapa em forma de vapor, quando abrem a boca.
O sol tira férias da humanidade e é substituído por um vazio chamado “nublado”. As nuvens aparecem quando querem, mas nunca são os personagens principais – somente em caso das tempestades – da temporada. O frio está ali, para ter sua glória rápida entre os pés de acreanos solteiros e entre beijos de acreanos enamorados.
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